HORA DA HISTÓRIA
Objetivo: Fazer um paralelo entre as músicas tocadas na era de ouro do rádio e os acontecimentos acontecidos no Brasil na época. Compreender a função da DIP ( departamento de Imprensa e Propaganda) por meio da análise de algumas músicas a favor e contra o regime ditatorial de Getúlio Vargas.
Iniciei a aula retomando a aula anterior e reprisando o ínicio do governo Vargas, depois fui apresentando algumas charges relacionadas ao governo de Dilma Rousseff e perguntei de quem se tratava e pedi que eles se expressassem a respeito da imagem: A imagem fala bem ou mal da nossa presidente? Vocês acham correto esse tipo de imagem? Porque? Vocês acham que devemos nos expressar em relação à política brasileira? De que forma? Ah algum órgão que proíbe esse tipo de propaganda hoje no Brasil? E no governo Vargas, será que era diferente?
conversamos sobre o meio de comunicação mais popular dos anos 30,40,50... O RÁDIO e o controle que Getúlio tinha sobre esse meio de comunicação por meio da DIP. Não deixamos de conversar sobre:
·
O quanto o malandro (ou seja, a
malandragem) foi condenado na Era Vargas.
·
A importância da exaltação do trabalho
no projeto do Estado Novo.
·
A censura como objeto dominador
político.
·
O DIP como instrumento de coerção
social.
·
O trabalho para Getúlio Vargas era um
forte instrumento de integração das massas trabalhadoras na política.
·
A concretização do Estado Novo dependia
da formação de um homem novo, lutador, trabalhador.Pedi então que eles se reunissem em seis grupos para analisarem as músicas a seguir, ( cada grupo uma música ) e pedi que fizessem a análise do momento político em que a música foi lançada
1929-
( último ano da república do café com leite)
A marchinha, lançada em dezembro de 1929, em plena campanha
eleitoral, revela claramente toma o partido de Júlio Prestes, candidato a
presidente da República apoiado por Washington Luís, contra Getúlio Vargas,
sustentado pelos gaúchos, mineiros e paraibanos, que haviam formado a Aliança
Liberal (o que explica a referência ao liberalismo na música).
Comendo
Bola ( Jaime Reondo Hekel Tavares e Luiz Peixoto )
Gaúcho, meu irmãozinho
Meu irmãozinho mineiro
Seu Julinho é que vai ser
Porque esse tá de Julinho
É um caboclo brasileiro
Brasileiro como quê
Tudo o mais é gauchada
Tudo o mais não vale nada
Meu irmãozinho gaúcho
Se tu amarra a cavalada
Vendo as coisa mal parada
Não agüenta com o repuxo
Getúlio,
Você tá comendo bola
Não te mete com seu Júlio
Não te mete com seu Júlio
Que seu Júlio tem escola
Atrás do liberalismo
Ninguém vá que esse cinismo
É potoca, é brincadeira
Eu conheço muito tolo
Que acabou levando bolo
E bateu na geladeira
Eles pensam, seu Julinho
Que esse povo é zé-povinho
Que isso é pau de galinheiro
Que sem nota e sem carinho
O Brasil anda sozinho
Porque Deus é brasileiro
1931-
primeiro carnaval da Era vargas
A marchinha "Gê-Gê", apelido carinhoso usado
pelos partidários de Getúlio Vargas, canta com bom humor e talento as
esperanças desatadas pela Revolução de 30. Parabélum é o nome de uma pistola
automática muito usada na época; Encantado é um bairro da Zona Norte do Rio;
encarnado (vermelho) era a cor dos lenços dos revolucionários de 1930.
Gê-Gê, Getúlio (Lamartine Babo )
Só
mesmo com revolução
Graças ao rádio e ao parabélum,
Nós vamos ter transformação
Neste Brasil verde-amarelo
Ge-e-Gê-/t-u-tu/l-i-o-lio/
Getúlio
Certa menina do Encantado,
Cujo papai foi senador
Ao ver o povo de encarnado
Sem se pintar mudou de cor
Ge-e-Gê-/t-u-tu/l-i-o-lio/
Getúlio”.
1937- Implantação do Estado Novo
A marchinha brinca com os vaivéns da campanha eleitoral de
1936/37, já prevendo que seu desfecho se daria à margem dos marcos
constitucionais. No momento em que a música foi gravada, duas candidaturas
pareciam destinadas a polarizar a disputa: a do paulista Armando Salles,
"seu" Manduca, pela oposição, e a do gaúcho Osvaldo Aranha,
"seu" Vavá, um dos principais nomes da Revolução de 30, pelo governo.
Mas Getúlio tinha outros planos: Com um discurso cada vez mais semelhante ao
dos fascistas em ascensão na Europa, deu o golpe de estado de 10 de novembro de
1937, instaurando o Estado Novo e impondo ao país a ditadura.
A música começa citando uma de nossas mais conhecidas cantigas de roda:
“Teresinha de Jesus”.
A Menina Presidência ( A. Nássara
e Cristóvão Alencar)
"A menina Presidência
Vai rifar seu coração
E já tem três pretendentes,
Todos três chapéu na mão.
E quem será?
O homem quem será?
Será seu Manduca?
Ou será seu Vavá?
Entre esses dois
Meu coração balança,
Porque
Na hora H quem vai ficar
É "seu" Gegê.
Agora todo mundo dá palpite,
Mas eu sei que no fim ninguém
se explica.
É ligar, deixar como está,
Pra depois então se ver como é
que fica."
1954-
ano da morte de Getúlio
Com muito bom humor, essa marchinha, cantada no carnaval de
1954, dava a receita para resolver os problemas brasileiros, que se avolumaram
nos últimos anos do segundo governo de Getúlio Vargas - meses mais tarde, em
agosto, o presidente se mataria em meio a uma gravíssima crise política e
institucional. A fórmula apresentada pelos sambistas era simples: enxugar o
estado e fazer doutores e funcionários públicos pegar no cabo da enxada.
Se
eu Fosse Getúlio (Roberto Roberti e Arlindo Marques Jr)
"O Brasil tem muito doutor,
Muito funcionário, muita
professora,
Se eu fosse o Getúlio,
Mandava metade dessa gente pra
lavoura.
Mandava muita loura
Plantar cenoura
E muito bonitão
Plantar feijão
E essa turma da mamata,
Eu mandava plantar batata.”
1938-
O Brasil debaixo de uma ditadura
Esta marchinha parece feita de encomenda para glorificar a
figura de Getúlio, que, a essa altura do campeonato, depois de dominar e tomar
o poder havia liquidado toda forma de oposição a seu governo. Não fica claro
quem, na visão de Zé Pretinho e de Antônio dos Santos, queria dominar o povo
brasileiro. Seriam os comunistas ou os integralistas? Provavelmente, ambos. Ao
menos, esse era o discurso oficial da época.
Glorias
do Brasil ( Zé Pretinho e Antonio dos Santos)
“Brasil, ó rincão querido,
Prezado pelo mundo novo,
Destruído estava seu futuro,
Porque pretendiam dominar seu
povo.
Surgiu Getúlio Vargas,
O presidente brasileiro,
Que entre seus filhos
Como um herói foi o primeiro.
Ainda temos na memória
Esses atos de patriotismo.
Hoje tens nome na história
Na emergência de teu negro
abismo.
Porque existia em seu seio,
Entre os valores verdadeiros,
Getúlio Vargas, que veio
Mostrar ser o Brasil dos
brasileiros.
Brasil, ó rincão querido ...”
1941- Getúlio decreta o aumento do imposto de
renda dos solteiros, e incentiva com benefícios as famílias numerosas.
Ataulfo
Alves e Felisberto Martins mostram nesse samba como é possível puxar o saco sem
perder o talento. Aproveitando a decisão governamental de pagar um prêmio em
dinheiro ao chefe de família com mais de três filhos, atacam com o saboroso “O
negócio é casar.
É negócio Casar (Ataulfo Alves e
Felisberto Martins )
“Veja só,
A minha como vida está mudada.
Não sou mais aquele
Que estava em casa alta madrugada.
Faça o que eu fiz,
Porque a vida é do trabalhador.
Tenho um doce lar
E sou feliz com meu amor.
O Estado Novo
Veio para nos orientar.
No Brasil não falta nada,
Mas precisa trabalhar
Tem café, petróleo e ouro.
Ninguém pode duvidar.
E quem for pai de quatro filhos
O presidente manda premiar.
É negócio casar.”
Fizemos uma interpretação oral com as seguintes perguntas:
- Ano da música?
- Autor?
- Principal acontecimento do Brasil na época?
- Pela leitura da letra da música você percebeu que o autor era a favor ou contra o governo de Getúlio vargas? retire frases da mesma, para justificar a sua resposta.
Por fim propus que construíssemos uma linha do tempo relacionando os acontecimento do Brasil no primeiro governo vargas que durou 15 anos e as músicas da época.
Finalizei esta "melodia histórica" pedindo que eles produzissem um texto sobre o que eles entenderam dos principais acontecimentos da Era Vargas no primeiro governo de 15 anos. ( atividade pra casa).